Histórias da Pele: Paola Vespa

Responsável por resumir e transmitir a nossa essência para o mundo, nosso vídeo institucional é um manifesto do propósito da Bisyou existir. Reunimos um casting lindo com muitas histórias e vivências interessantes para apresentar, em primeira pessoa, o que eles achavam sobre autocuidado, beleza e bem-estar. 

Um dos depoimentos que mais emocionou nosso time foi da artista e fotógrafa Paola Vespa (@paolavespa). Nada mais justo que ela ser a nossa primeira convidada para participar da coluna “Histórias da Pele”. Confere o nosso bate-papo com ela e sua entrevista na íntegra para o nosso vídeo.

Qual é o seu nome, idade e profissão? 
Meu nome é Paola Vespa, tenho 26 anos e sou artista.

Em 2015, você criou o projeto Beleza Orgânica onde você fotografou centenas de mulheres com as personalidades, histórias e tipos mais diferentes. O que te levou a criar o projeto? Quais foram as maiores lições que você descobriu com elas?
Em 2015 a gente tava vivendo um cenário do surgimento das blogueiras fitness, da “geração saúde” que mais tinha a ver com o reforçar de um padrão estético cansativo, photoshopado e impossível de alcançar. Em paralelo, eu fui observando as pessoas mais próximas a mim sendo hipnotizadas por esses ideais de aparência irreais. Desde então, eu quis criar um projeto que retratasse as mulheres com verdade, exaltando a beleza singular em todas. Acho que o que eu mais aprendi - além de que tudo que eu pensava se tratar de autoestima em 2015 tava só ligado à autoimagem, ou, à ponta do iceberg - é que o processo interno é ultrapessoal. Não tem uma receita pra se sentir melhor, é sobre se conhecer e se respeitar mais a cada dia. Sobre paciência e vontade de se amar mesmo. Sobre permitir-se a se gostar. E que é muito difícil, mas é possível.

 

Outra curiosidade: Com tantas opiniões diferentes, o que mais você viu em comum de positivo e negativo entre elas?
Eu vi que somos todas inevitavelmente afetadas pela opressão, e que é extremamente difícil lutar contra padrões profundamente enraizados. Fomos ensinadas a odiar nossos corpos, a gastar centenas de milhares de reais e energia infinita modificando eles, e não fomos ensinadas a amá-los. Fomos ensinadas a buscar aprovação externa e nunca olhar pra dentro. Isso deixa muitas cicatrizes, e quando você vai olhar, já foi, tá marcado em você. E é duro sair dessa.

Mas eu também vejo que nos últimos anos as coisas estão mudando muito rápido - ainda bem! Os temas estão vindo pra consciência, e a gente tá afim de se amar. Já deu dessa manipulação do ódio pelo ódio. Hoje eu sinto que as mulheres chegam até mim de braços abertos para se acolherem. Muito mais conscientes da necessidade disso. É lindo. Faz com que eu queira me acolher muito mais também.

Pra você, como a fotografia auxilia no nosso processo de autoconhecimento?
Eu acho que o que é reflexo (ou seja absolutamente tudo) auxilia no nosso processo de autoconhecimento desde que estejamos com vontade de olhar. Quando você joga luz na questão, ela vem á tona pra te ajudar. Fotografia nada mais é do que luz e reflexo. Pra mim é uma grande indireta. Eu acho que tá no processo de querer se enxergar através dos olhos de outra pessoa que faz com que a gente passe a olhar mais profundamente pra gente. É uma pausa num momento que te permite uma investigação mais detalhada do que você quer descobrir. É MUITO terapêutico, dependendo da intenção que você coloca ali no momento.

E pra você, como esse processo de autocuidado começou?
O autocuidado interno começou pra mim quando eu me abri para possibilidades de experienciar todas as dores além das belezas. Só assim eu poderia de fato saber quais áreas da minha vida precisavam de mais carinho e atenção. Mas ligado à aparência eu confesso que demorei muito. Passei muito tempo enxergando cuidados com o corpo como uma forma de se render à opressão. E eu tava errada. Hoje entra na minha rotina como um tempo de qualidade que eu passo comigo. É dançar no meu quarto pelada, acender minhas velas, cantar olhando pro espelho, fazer carinho na minha testa, ler meus livros, cuidar da minha pele, passar meus cremes, resumindo tudo que eu faço dentro do meu quarto e ambiente de conforto é sobre cuidar de mim.

Você tem uma rotina de skincare? Quais são os produtos que você usa? 
 Eu não tenho uma rotina. Eu passo alguns produtos no rosto nos dias que lavo o cabelo. Mas eu passo sabonetes para cada área do corpo, cremes e é isso. Pouca coisa mas eu me sinto bem. Confesso que eu tenho medo de aprender sobre cuidados com a pele porque vicia.

E você tem uma dica de cuidados com a pele e com o corpo que você aprendeu com alguém da família (ou amigas) e faz desde então?
Eu aprendi com uma amiga a fazer um esfoliante corporal delicioso com a borra de café que sobra, óleo de coco e azeite. EU AMO! 

O que você faz além do skincare para cuidar de você, mente ou corpo?
Não tem como fugir de você mesma (eu sempre tento). Então eu tenho que me dar atenção, se não eu piro. Mas eu cuido mais da mente, confesso. Tô em falta com meu corpo. Muita terapia, leitura e atenção.

Qual é a beleza do autocuidado pra você?
 A beleza do autocuidado é você se assumir como peça fundamental e a mais importante da sua vida. É se aliar a você mesma. Sem isso, como faz?

Pra finalizar, você pode dividir com a gente alguns perfis de mulheres, histórias e projetos que te inspiram?
 Nossa, juro que tem uma lista imensa! Mas vou ressaltar algumas que me chamam atenção hoje em dia, especialmente nas redes sociais.
Alexandra Gurgel (@alexandrismos) é uma influenciadora maravilhosa, fundadora do @movimentocorpolivre e deusa nas horas livres. Jameela Jamil (@jameelajamilofficial) ela tem uma conta também chamada @i_weigh que fala sobre inclusão e questiona todos esses padrões absurdos impostos.

Sou profundamente inspirada pelo @the.vulva.gallery, que celebra a diversidade de vulvas. São muitas muitas muitas mulheres, mas acho que esses resumem bem o tipo de mensagem que eu gostaria de passar através do meu trabalho. E a cantora Lizzo @lizzobeeating.